Pé no Chão está de volta: a emocionante jornada de Anildo Roberto e o desafio da reintegração”

Pé no Chão está de volta: a emocionante jornada de Anildo Roberto e o desafio da reintegração”

Por: Joel de Aquino – Pagina do Nortão

Foto – Claudemir Guedes

A várias décadas, Anildo Roberto — conhecido por muitos em Colíder como “Pé no Chão” — viveu nas ruas da cidade. Sua imagem tornou-se familiar para gerações de moradores, ora motivo de curiosidade, ora de solidariedade. Sem moradia fixa, travando uma luta silenciosa contra a dependência química, Anildo carregava nos pés descalços a dureza da vida urbana e a invisibilidade que tantas pessoas em situação de rua enfrentam.

Durante um período difícil, Pé no Chão conviveu com outros moradores de rua nos arredores da empresa Colimel. Ali, uma estrutura improvisada servia como ponto de apoio, onde ele passava os dias e as noites em meio à vulnerabilidade, à marginalização e à luta diária pela sobrevivência.

Hoje, sua história ganha um novo capítulo. Após anos de sofrimento e abandono, Anildo Roberto passou por um processo de desintoxicação e tratamento. Retornou recentemente à cidade, com o corpo mais firme, a mente mais clara e uma esperança renovada de reconstruir sua vida longe das drogas e da marginalidade.

Sua presença de volta às ruas de Colíder, agora em outra condição, é um alerta e, ao mesmo tempo, uma oportunidade. Alerta, porque sem o apoio da sociedade, das autoridades e das entidades de caridade, é grande o risco de recaída. E oportunidade, porque poucos casos como o de Anildo conseguem romper o ciclo da dependência e da rua. Quando conseguem, precisam ser acolhidos, orientados e acompanhados.

Não basta apenas a boa vontade de quem quer recomeçar. A reintegração exige políticas públicas eficazes, empatia da comunidade e acompanhamento constante por parte dos órgãos responsáveis. Cabe à população e, principalmente, às instituições ligadas ao social — como a Secretaria de Assistência Social, os Centros de Referência da Assistência Social (CRAS), igrejas e ONGs — abraçarem essa causa com sensibilidade e compromisso.

Entre os desafios atuais de Anildo, além do acompanhamento emocional e social, está uma urgente necessidade de tratamento dentário. A ausência de dentes prejudica não apenas sua autoestima, mas também sua alimentação e saúde geral. Uma prótese dentária não é apenas um detalhe estético — é uma necessidade básica que pode representar um marco importante na sua reinserção social.

Este é um apelo aberto a clínicas odontológicas, profissionais voluntários ou entidades de saúde bucal solidárias de Colíder e região: se houver disponibilidade ou interesse em colaborar com essa causa, mesmo que parcialmente, essa ajuda será de valor imensurável. Um novo sorriso pode ser o primeiro passo para uma nova vida.

A trajetória de Anildo é um retrato vivo das dificuldades enfrentadas por tantas pessoas em situação de rua, mas também é um símbolo de resistência e recomeço. Ele fez sua parte. Agora, a cidade precisa fazer a dela.

Que o apelido “Pé no Chão”, tão conhecido entre nós, não seja mais sinônimo de abandono, mas de firmeza, de chão reconstruído e de novos passos rumo a uma vida com dignidade.

 Anildo Roberto não é apenas um rosto que o tempo e a rua castigaram. Ele é filho de pioneiros desbravadores — uma família que ajudou a construir Colíder. Se não nasceu aqui, chegou ainda pequeno, sendo parte da história que moldou o município desde seus primeiros passos. Sua ligação com a cidade vai além da geografia: é afetiva, social e histórica.

Seu tratamento contra a dependência química foi viabilizado graças à iniciativa da gestão municipal anterior, que compreendeu a gravidade de seu estado e articulou os meios para seu encaminhamento. Já sua atual estadia, após o retorno à cidade, está sendo viabilizada pela gestão municipal atual, sempre com a recomendação do Ministério Público, a nova gestão o acolheu em um hotel, garantindo-lhe abrigo e condições básicas para dar continuidade à recuperação.

A história de Anildo Roberto é um caso emblemático que mostra como a luta contra a dependência química e a situação de rua exige mais que compaixão momentânea. É preciso um olhar permanente, uma rede de apoio sólida e um plano de reintegração social construído com responsabilidade, empatia e continuidade.

Por isso, este é um apelo direto às autoridades e entidades de Colíder:

  • À Secretaria Municipal de Assistência Social, que pode garantir acompanhamento psicossocial, auxílio para inserção em programas de trabalho e reintegração familiar.
  • Ao CRAS, que pode atuar com escuta ativa, orientação e encaminhamentos.
  • Às igrejas, grupos voluntários e instituições de caridade, que há anos desenvolvem trabalhos silenciosos e eficazes junto aos mais vulneráveis.
  • Ao Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas, ao Ministério Público e demais órgãos de controle, para que acompanhem e fiscalizem o cumprimento das ações sociais e garantam continuidade no suporte.
  • À sociedade em geral, que pode oferecer mais que esmola: pode oferecer respeito, oportunidades e apoio humano.
  • Foto – Claudemir Guedes

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