Familiares da cantora trans assassinada em Sinop cobra justiça durante velório

Familiares da cantora trans assassinada em Sinop cobra justiça durante velório

Santrosa, de 27 anos, foi encontrada decapitada, com mãos e pés amarrados, no domingo (10), um dia após desaparecer; polícia investiga se facção ordenou crime.

Por: Pagina do Nortão  / G1 MT

A cantora transexual conhecida como Santrosa, de 27 anos, foi velada na capela municipal de Sinop, a 503 km de Cuiabá, nesta segunda-feira (11). A artista foi encontrada decapitada, com as mãos e pés amarrados, no domingo (10), um dia após desaparecer.

Durante o velório, o pai da vítima, Cristóvão da Rosa, afirmou estar indignado pela morte da filha. “Um amor de pessoa! Nós a perdemos e não sabemos o motivo”, lamentou.

Já a mãe de Santrosa, Nilda Salete dos Santos, pediu justiça e que os responsáveis sejam punidos pelo crime. “Agora só espero justiça. Que a justiça seja feita e que os culpados paguem pelo o que fizeram”, declarou.

O amigo Jean de Souza Ortiz enfatizou a importância do trabalho dela enquanto ativista da causa LGBTQIAPN+ e do legado que deixou.
“Santrosa era um símbolo da nossa comunidade, que sempre lutou por tudo e por todos e o que ela deixa agora é o seu legado”, disse.

A Polícia Civil informou, na segunda-feira (11), que descartou a possibilidade da cantora ter sido morta por transfobia. Segundo o delegado da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Braulio Junqueira, a principal linha de investigação sobre a motivação do crime é de que a vítima foi morta por integrantes da facção Comando Vermelho (CV).

O assassinato, de acordo com as investigações, teria sido em retaliação a uma suspeita de criminosos de que Santrosa estaria repassando informações sobre a facção a outras pessoas, que ainda não foram identificadas.

Ainda de acordo com o delegado, não se sabe se Santrosa estaria ligada a alguma organização criminosa ou se passava informações do CV à facção rival ou para autoridades políticas, já que ela era suplente de vereador pelo PSDB pela primeira vez na cidade.

Amigos da vítima também disseram à polícia que após se envolver na política, Santrosa “ficou assustada com o que acontecia” na região.
Até o fim da noite de segunda, nenhum suspeito havia sido identificado ou preso pela polícia.

A Politec esteve no local para colher informações sobre o caso

Santrosa morava com o pai. No sábado (9), ela participaria de dois eventos e foi vista pela última vez no período da manhã. Quando o pai voltou para casa, por volta de 18h, encontrou a porta da casa semiaberta e o ambiente bagunçado. Segundo ele, alguns objetos também desapareceram do local.

De acordo com a Polícia Civil, Santrosa foi encontrada com as mãos e pés amarrados e decapitada em uma região de mata.
Em nota, a Associação da Parada do Orgulho LGBTQIA+ de Mato Grosso informou que acionou o Grupo Estadual de Combates aos Crimes de Homofobia (GECCH) e que cobrará as autoridades a apuração para revelar os culpados.

Candidata a vereadora nas eleições municipais de 2024 pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Santrosa recebeu 121 votos válidos e estava como suplente.

A cantora também tinha um canal no YouTube com 4,1 mil inscritos onde publicava clipes de músicas interpretadas por ela. Na política, defendia pautas voltadas ao fomento e acesso a cultura para comunidades periféricas do município de Sinop.

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